Coberturas complexas: Variações de cobertura Homem-a-Homem

Um ataque de futebol americano usa uma série de recursos para camuflar suas intenções contra uma defesa antes e depois do snap. Motions, Shifts, Audibles, Kill Calls, Sinais de mão, Rotas Option, alinhamentos Bunch, entre outras.

Se a defesa tivesse que usar apenas as coberturas “Feijão com arroz” para se defender contra isso, elas sofreriam repetidamente das mesmas maneiras, com combinações de rotas do ataque atacando sempre as coberturas previsíveis.

Mas é claro que no lado defensivo do jogo também existe adaptabilidade e maleabilidade. Por isso, nessa nova série de artigos, mostraremos as principais variações que as equipes usam em seus esquemas de cobertura.

Na primeira parte da série, vamos ver variações onde o tipo de cobertura homem-a-homem está envolvido.

 

Marcação dupla em recebedor

Dedicar 2 jogadores da defesa a um único jogador é uma das formas mais usadas para anular um recebedor específico do ataque. Mas Coberturas duplas não são meramente mandar 2 jogadores correr atrás de um. O que está envolvido aqui é a divisão do leverage que cada marcador terá em relação ao recebedor. Por isso, em questão de coberturas duplas, existem algumas variações.

Cone Bracket

Cone Bracket talvez seja o tipo de cobertura dupla mais comum. Ela é feita no recebedor #1 de um lado da formação (primeiro recebedor contando a partir da sideline). Nela o CB está alinhado de forma próxima ao WR e no ombro externo para manter o leverage externo em relação ao WR para defender qualquer rota externa do WR, enquanto um Safety está alinhado mais afastado da LOS e tem que manter leverage interno em relação ao recebedor para marcar qualquer rota interna dele.

Um exemplo do Cone Bracket pode ser visto no vídeo a seguir. O Patriots (que por sinal é um time que adora coberturas duplas) manda um Cone Bracket contra o WR do Texans DeAndre Hopkins.

Deuce Bracket

O Deuce Bracket carrega as mesmas características que o Cone Bracket, com a diferença de que é realizado contra o recebedor #2 de uma formação, sendo assim deixando o recebedor #1 isolado em marcação mano a mano com um CB.

Veja um exemplo do Deuce Bracket nessa jogada. O Texans dessa vez alinha DeAndre Hopkins como recebedor #2 da formação e o Patriots mantém a marcação dupla nele, dessa vez com um Deuce Bracket.O recebedor #1 está mano a mano com o CB a sua frente e corre uma rota Drive, o que faz com que o CB trombe do DeAndre Hopkins ao tentar seguí-lo.

 

Top Bracket

No Top Bracket, em vez do CB e o Safety dividirem o leverage externo e interno, eles dividem o leverage profundo e raso, com o Safety se mantendo a frente do WR contra qualquer rota vertical e o CB usando a técnica Trail-Man, a mesma usada na cobertura 2-Man.

No exemplo a seguir vemos o Patriots (mais uma vez) executando um Top Bracket contra o WR Antonio Brown do Steelers.Perceba como o CB se mantém “na cola” do WR sem ultrapassar ele, enquanto o Safety procura se manter sempre a frente do WR.

 

Vice Bracket

O Vice Bracket é feito por um Linebacker e um Safety no recebedor #2 da formação. Em caso de rota curta (menos de ~12 jardas) interna ou externa do recebedor, um dos jogadores do bracket marca mano a mano, enquanto o outro fica livre pra marca em zona (olhos no QB). A única maneira de parecer cobertura dupla é se o recebedor correr uma rota vertical de ~10 jardas e parar ou cortar pra um dos lados.O que foi o caso no exemplo que vem a seguir.

A defesa do Patriots faz um Vice Bracket contra o TE do Titans. O TE corre uma rota reta vertical de 10 jardas e quebra para fora no final..

 

Coberturas e ajustes Pattern-Match com coberturas Homem-a-Homem

Uma cobertura Pattern-Match é uma cobertura onde alguns jogadores da defesa só saberão em definitivo quem eles vão marcar ou qual zona eles vão marcar no momento em que as rotas do ataque estiverem se desenrolando.

Quando ela é usada para se transformar em coberturas mano a mano, geralmente serve como tentativa de se esquivar do tráfego gerado por alinhamentos Bunch e rotas cruzadas e permitir que os marcadores mantenham seu leverage contra os recebedores.

 

Banjo

Banjo é um ajuste de cobertura geralmente feito contra um alinhamento Bunch entre 2 WRs.Esse ajuste permite que os CBs não sofrem uma “trombada” entre eles caso as rotas dos WRs se cruzem, pois eles só saberão quem marcar depois do snap, onde um dos CBs marca o 1º recebedor que correr uma rota interna e o outro CB marca o 1º recebedor que correr uma rota externa.

Aqui vemos um exemplo perfeito desse ajuste de cobertura. O ataque do Patriots faz um motion para formar um alinhamento Bunch. Um CB que estava no lado oposto segue o motion enquanto o CB que já estava lá faz um sinal pra ele, sinalizando a marcação Banjo. As rotas se cruzam e o CBs mantém o leverage necessário para deter a jogada.

 

Triangle vs Trips Bunch

A maneira como as defesas se defendem contra um alinhamento Trips Bunch usa os princípios da cobertura Banjo. Para evitar o tráfego, um dos CBs marca o WR do meio em Press e mano a mano, enquanto os outros CBs estão em alinhamento Off esperando as rotas dos outros 2 WRs, da mesma maneira que na cobertura Banjo.

Nessa jogada vemos esse tipo de marcação contra Trips Bunch. O CB que marca o WR do meio está em Press e faz o bump nele depois do snap, enquanto os outros 2 CBs estão em Off.

Triangle

A marcação Triangle é uma marcação “3 em 2” que pode gerar uma marcação dupla em um dos WRs se ele correr uma rota profunda. Ela usa os princípios da cobertura Banjo com um Safety alinhado profundamente para se antecipar a uma rota longa.Se não tiver uma rota longa, o Safety vira um Robber contra qualquer passe pra rota curta.

Nesse exemplo vemos que a defesa faz um check para uma cobertura Triangle assim que percebe o motion do ataque. O Safety se mantém antecipado a uma rota longa de um dos WR enquanto os CBs estão em técnica igual a uma cobertura Banjo.

Box

A cobertura Box tem o mesmo princípio da Triangle, apenas sendo uma cobertura “4 em 3”. Ela é praticamente uma cobertura Banjo feita em 2 níveis ao mesmo tempo: um perto da LOS e um mais afastado.Assim, os Defensive backs que estão no segundo nível marcam os 2º recebedores que correrem uma rota interna ou externa.

Na jogada abaixo vemos como a cobertura Box mantém os princípios da Triangle de uma forma ainda mais segura contra passes longos. Os CBs no primeiro nível marcam as primeiras rotas internas e internas, mantendo o leverage, enquanto os Safeties no fundo estão preparados para as rotas longas.

No próximo artigo da série, veremos a cobertura Trap, um tipo de cobertura que como o some sugere é uma armadilha para o ataque e produz um grande número de inteceptações.